Hoje, dos três noticiários televisivos das 13h00, a TVI e SIC começaram com a comunicação do Governo de que se opõe à aquisição de parte da TVI (30%) pela PT. A RTP optou pela morte de Michael Jackson. E nessa matéria permaneceu durante 14 minutos. Passou testemunhos vindos da América. Entrevistou Nuno Braancamp, organizador de um concerto dado pelo artista em Portugal. Entrevistou também animadores de rádio e funcionários de lojas discográficas acerca do assunto. E só depois abordou a comunicação do Governo. Ouvimos o Primeiro-Ministro falar, como se tratasse de uma coisa de somenos importância. Como se tivesse mudado de ideias acerca do nome a atribuir a uma iniciativa governamental corriqueira. Em seguida, declarações de um representante parlamentar de cada um dos partidos da oposição. Por último, um extracto da entrevista dada por Zeinal Bava na véspera à RTP. No total, não chegou a 6 minutos. Menos de 50% do tempo dedicado ao falecimento de Jackson. Nenhuma referência a como se trata de um assunto sensível, cheio de avanços e recuos mal explicados. Nenhuma referência ao sapo que mais parecia um boi, que o Governo teve de engolir depois das declarações anteriores. Nenhuma análise sobre as repercussões que este passo terá na empresa de telecomunicações.
Pacheco Pereira disserta recorrentemente contra a instrumentalização da televisão pública pelo Governo. Nem sempre concordo com a sua opinião, ou pelo menos com o grau da mesma. Mas tenho de admitir que não está apenas em causa uma imaginação fértil e teorias da conspiração. E tenho curiosidade em saber; numa altura em muitos jornalistas (felizmente não todos) realizam mais julgamentos sumários do que investigações acerca de todos os quadrantes da sociedade, se aplicarmos o mesmo crivo ao seu trabalho, quais os critérios jornalísticos seguidos que justifiquem esta opção?
1 comentário:
Mistério...
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