sexta-feira, 26 de junho de 2009

O segredo deve mesmo ser a alma do negócio


Ficamos a saber que as Feiras do Livro de Lisboa e Porto foram um sucesso. Mais de 350 mil visitantes e um aumento entre 10 a 20% nas vendas, em relação ao ano anterior (em tempos de crise é sempre positivo). O que ficamos sem saber, novamente, é o volume e valor de vendas de cada editora, que recusaram fornecer esses dados. Cada vez mais ouvimos falar na profissionalização do mercado da edição em virtude das suas novas exigências; em como é preciso inovar porque não falamos apenas de livros, agora são conteúdos. É necessária uma estratégia para diferentes plataformas. Faz sentido. E será que para a tão almejada maturidade e profissionalização do mercado, não seria importante dados fidedignos? Não é importante saber o que se vende e em que quantidade? Continua a haver uma resistência por parte das editoras em providenciar os dados da sua actividade. Não falamos de dados confidenciais, mas dos normais resultados da sua actividade. Excepto se estivermos a falar de um best-seller que bateu recordes no número de edições e exemplares vendidos. Nesse caso, não falta a indispensável fitinha que nos lembra fazermos parte de algo maior que nós; de um verdadeiro fenómeno.

Não acredito em negócios que se mantenham abertos com prejuízos crónicos. Editoras inclusive. Ninguém vive do ar, pelo que o que não dá dinheiro acaba por fechar (salvo uma excepção ou outra). Podem dar pouco dinheiro, mas dão algum. A verdade, é que estamos constantemente a ser bombardeados com discursos de como a edição é um negócio periclitante. Cerca de 50% dos portugueses não compra um livro por ano! As pessoas não lêem e o Estado devia intervir! Se alguém insinua que um livro é caro para o consumidor (o que é diferente de afirmar que é caro para os custos de produção, distribuição e retalho que teve), cai o carmo e a trindade. Permitam então que os interessados possam cruzar o máximo de informação possível sobre a edição literária, e não apenas a que lhes convém. Quanto mais informação disponível houver, mais aumenta a probabilidade de cada um dos seus agentes fazer opções adequadas no futuro. E mais legitimidade terão para chamar a atenção para os seus problemas específicos. Que mais não seja para evitar casos destes, que nos remetem para uma tão típica chico-espertice portuguesa.

Adenda: Pelo menos a Leya disponibilizou alguns dados referentes à facturação e aos autores mais vendidos (genericamente, sem referir números quanto aos exemplares vendidos). Mas no seu caso compreende-se. Um grande grupo, com grandes vendas, transmite uma imagem de vitalidade. Se alguém souber onde existe informação mais detalhada acerca destas matérias, não se coíba de a partilhar. Fica desde já o meu agradecimento.

1 comentário:

Célia disse...

Ontem vi os dados disponibilizados e fez-me confusão. Como é que sabem que as vendas aumentaram entre 10 a 20% se as editoras não forneceram os dados das vendas? Foram de editora em editora a perguntar a percentagem de aumento face ao ano anterior? Sinceramente, olho para estas percentagens e não lhes consigo dar muita credibilidade.
Concordo plenamente contigo quanto à necessidade de mais transparência no sector. Parece que estão todos com medo que o facto de disponibilizarem informação se possa virar contra si próprios. Isso é coisa do século passado...