terça-feira, 21 de julho de 2009

O Deus da Matança

No domingo, fui ver a peça "O Deus da Matança" no Teatro Aberto em Lisboa. Uma 1h20 que passa a correr, e nos garante umas boas gargalhadas. Os actores estão todos exemplares nos seus papéis. A destacar alguém seria Sérgio Praia, actor que não conhecia. A peça está em cena até ao próximo domingo.

O Deus da Matança

Autora: Yasmina Reza
Versão: João Lourenço | Vera San Payo de Lemos
Dramaturgia: Vera San Payo de Lemos

Cenário: António Casimiro
Figurinos: Maria Gonzaga
Luz: Melim Teixeira

Encenação: João Lourenço

Interpretação: Joana Seixas; Paulo Pires; Sérgio Praia; Sofia de Portugal


Dois rapazes andaram à pancada depois da escola e um deles partiu dois dentes ao outro. Os pais encontram-se para falar sobre o incidente, mas, quando o começam a discutir a fundo, a situação torna-se cada vez mais tensa. Pequenas insinuações passam a ofensas verbais e físicas. E é assim que uma tarde entre pessoas civilizadas acaba de maneira inesperadamente pouco civilizada. A autora francesa Yasmina Reza analisa aqui o universo da família e as discrepâncias entre o ser e o parecer, com a mistura de leveza e seriedade, humor e crítica social que lhe é característica.


Num texto de 2006 que está a fazer sucesso por toda a Europa e Estados Unidos. O Novo Grupo – Teatro Aberto continua, com este espectáculo, a investir na dramaturgia contemporânea e na reflexão social.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Fly me to the moon


Passaram 40 anos desde que um homem, Neil Armstrong, caminhou pela primeira vez na lua. Ficou famosa a frase que proferiu: "É um pequeno passo para um homem, mas um salto gigantesco para a humanidade". Creio que se esperava que outros objectivos tivessem sido já alcançados. A meta de Marte parecia o passo lógico seguinte. Entretanto, a Guerra Fria, grande impulsionadora desta corrida de superação humana, terminou. E embora se continuem a fazer extraordinários avanços científicos acerca da compreensão do universo, não mais houve aqueles feitos que nos fazem sonhar. Os sonhos com que nos entretemos na ficção até chegar a hora. Enviar naves tripuladas por esse Universo fora; descobrir se de facto existem outras raças no breu do céu; atravessar os limites do nosso sistema solar primeiro, da nossa galáxia depois.

Quando era mais novo, acalentava a esperança de descobrirmos as grandes respostas durante o meu tempo de vida. Já não tenho essas ilusões ou soberba. Até porque cada resposta acarreta novas perguntas. É o não sabermos tudo que nos impele a novas conquistas. Mas sendo ainda novo, quero acreditar que chegarei a ter a alegria de ver o nosso planeta de órbita. Fosse eu milionário, e já não precisaria de esperar. Assim, fico a aguardar que o conceito low-cost chegue às viagens espaciais.

Links de interesse:

Apollo 11 on the Sea of Tranquility


Apollo 11 40th anniversary

e para quem quiser (re)ver o clássico de George Méliès

Le Voyage dans la Lune (1902)

Vislumbres do Espaço





"As Duas Faces da Lua" lançado em Setembro

Num lançamento muito a propósito da celebração dos 40 anos da chegada à Lua, a editora Mill Books, coloca nas livrarias a 24 de Setembro “As Duas Faces da Lua”. Trata-se de um livro sobre a corrida espacial vista pelos dois lados da Guerra Fria. A obra tem um prefácio de Neil Armstrong, o qual já está disponível no Porta-Livros. Uma aposta corajosa, numa temática normalmente menosprezada pelo nosso mercado.

O Primeiro Dia

A principio é simples, anda-se sózinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

O Primeiro Dia - Sérgio Godinho

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O acontecimento da reentré literária

Ficou respondida a minha pergunta. 2666, de Roberto Bolaño, chega a 26 de Setembro. A Quetzal acabou de subir mais uns furos na minha consideração (não que estejam muito preocupados com isso).

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eu, a Cavalo de Ferro, e a Feira do Livro de Lisboa

No post anterior sobre a Cavalo de Ferro, referi como esta editora foi a minha desgraça na Feira do Livro de Lisboa deste ano. Como qualquer pretexto me serve para falar dos meus livros, ficam aqui as aquisições a que me referia.

Na banca de oportunidades da editora, não resisti a estes quatro, a um preço unitário de 5€:



"Manuscrito Encontrado em Saragoça - Volumes I
e II" - Jan Potocki



"Dicionário Infernal" - Colin de Plancy
&
"Contos Completos, vol.1" - Nathaniel Hawthorne

E aproveitei a promoção de livro do dia (com 40% de desconto), para comprar dois livros que há muito estavam no topo da minha lista de desejos:



"Meio-Irmão" - Lars Saabye Christensen
&
"Gente Independente" - Halldór Laxness

Carregando no nome de cada livro, acede-se à respectiva sinopse, e a toda a outra informação disponibilizada pela editora relativa ao mesmo. Comigo, a Cavalo de Ferro saiu beneficiada por ter disponibilizado antecipadamente a sua lista de livros do dia completa (ao invés da maior parte das editoras presentes). Seleccionei os que me interessavam, e fiz as minhas contas ao dinheiro e datas. Para as restantes compras, ficou o que sobrou.

Cavalo de Ferro, Quo Vadis?


Não se tem ouvido falar da Cavalo de Ferro. Ainda recentemente, a Pó dos Livros dava-nos conta de como tem sido difícil encomendar os seus livros. Será resultado dos seus problemas económicas, para os quais a falhada compra pela Fundação Agostinho Fernandes parecia ser a resposta? Enquanto escrevo este post, entro no seu site, que se tem mantido inerte. Mas não hoje. Site recentemente alterado, que para além de anunciar o reinício da distribuição, nos informa que "muito em breve a Cavalo de Ferro estará de volta com novidades e muitas surpresas. (...) Queremos construir consigo uma editora melhor do que nunca."Boas notícias. Podem contar com a minha singela contribuição. Aliás, a sua banca foi a minha desgraça na Feira do Livro de Lisboa deste ano.

A Cavalo de Ferro tem um catálogo de muita qualidade, em que presta uma particular atenção a literatura proveniente do norte e leste europeu, distinguindo-se nesse campo do restante panorama editorial nacional. Espero que consiga sobreviver a estes tempos mais conturbados que tem atravessado. Se o critério de qualidade literária bastasse, sobreviveria de certeza. Mas as editoras são também um negócio.

P.S. - Será que vai finalmente ver a luz do dia o livro "Volta ao Dia em Oitenta Mundos" de Julio Cortázar, previsto desde Abril?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Editoras & Blogues Literários Amadores

A Internet, enquanto meio fundamental de comunicação nos dias que correm, é alvo de uma abordagem cada vez mais cuidada por parte das empresas. As editoras não são excepção. Uma das vertentes em que têm apostado, é em estabelecer uma ligação privilegiada entre si e os blogues literários. Não me refiro neste caso, a blogues criados como extensão de uma actividade profissional ligada ao sector editorial. Falo dos amadores (referência ao seu carácter e não à qualidade), criados sem outros intuitos que não os de partilhar informação e opiniões sobre uma paixão comum: os livros. Essa proximidade, reflecte-se normalmente numa colaboração exercida através de uma de duas vias:
-organização de passatempos;
-fornecimento dos lançamentos mais recentes para crítica.

Não pára de aumentar o número de passatempos organizados, bem como a frequência com que são realizados. Para promover um novo título, é convidado um blogue, onde serão oferecidos, em média, entre 1 a 5 exemplares do mesmo. Mas começam a surgir situações em que o mesmo passatempo, é organizado de forma simultânea em vários blogues. Um bom exemplo, foi o recente passatempo "Quem matou o General Zia?" da Porto Editora, que abrangeu cinco blogues diferentes (Estante dos Livros, Porta-Livros, Marcador dos Livros, Planeta Márcia e Segredo dos Livros). Os critérios mais comuns para determinar os vencedores são: responder correctamente a questões sobre a obra e autor, a rapidez da resposta ou o recurso a sorteio. O modo como estas iniciativas se processam, pode passar pelo simples fornecimento de exemplares de um livro (quase sempre novidades), ficando as regras aplicáveis ao critério do autor do blogue. Noutros casos, a aceitação desses exemplares está dependente de se aceitar igualmente determinados contornos para o passatempo. Uma variante frequente, é a que implica a leitura do primeiro capítulo do livro pelos participantes para responder a questões. Se agradar a quem o leu, ainda que não sejam os contemplados, há uma maior probabilidade de ficarem cativados pela história e o adquirirem. Numa altura em que a rotatividade de títulos nas livrarias é tão elevada, o fundamental é dar a conhecer que o título existe. Se não for para adquirir imediatamente, para entrar para a wishlist de cada um, o que pode contribuir para aumentar o período de vida útil em que é apelativo ao mercado. Quem for frequentador assíduo deste tipo de blogues, sabe que existe uma grande sobreposição de visitas habituais e referências recíprocas entre si. Marcando presença ainda que numa pequena parte deste universo, acaba-se por chegar à quase totalidade do seu público.

Depois, existe a disponibilização das novidades que vão sendo introduzidas no mercado. Algumas editoras disponibilizam os títulos escolhidos, enquanto outras perguntam se determinado livro interessa ou não. Em troca de uma opinião sobre a obra, os livros são cedidos gratuitamente. Não é muito diferente do que grande parte das editoras faz ao enviar exemplares dos suas novas apostas para diversos críticos literários, na esperança de uma recensão que muitas vezes nunca chega. Aqui, existe a certeza de que o gasto se vai materializar numa contrapartida. Nada garante que a opinião seja positiva, mas já se está a falar do livro. Não acredito que quem recebe o livro se sinta na obrigação de dizer que gostou do mesmo se não foi o caso. Mas tratando-se de ofertas, admito que no caso de uma opinião negativa, os termos da mesma possam ser menos agressivos. Parece-me uma reacção humana natural, mas dependerá da personalidade de cada um. Os prazos não parecem ser definidos antecipadamente, confiando na razoabilidade de quem recebeu os livros. Esta política, vem também responder a uma necessidade de chegar a um público que já não se revê na crítica tradicional, e procura este meio como alternativa para adquirir informação.

Como é que as editoras escolhem os blogues a quem propõem estas parcerias? Antes de mais, acredito que pelo número de visitas recebidas. O objectivo é sempre chegar ao maior número possível de potenciais leitores/clientes. Mas não é o único critério. Cada blogue tem a sua própria identidade. Alguns são dedicados a géneros específicos de literatura. E mesmo os que não tenham optado por um escopo tão específico, reflectem sempre os gostos de quem os escreve. Estamos a falar de projectos essencialmente pessoais, logo não condicionados por uma intenção de imparcialidade. É inevitável imergir um padrão de tendências. Quem os lê regularmente, reage precisamente a isso. Pelo que é possível definir aproximadamente que público arrasta cada blogue. Em função da ideia que formem, as editoras podem então seleccionar os que apresentem uma identidade mais adequada à mensagem que querem passar.

Algumas editoras têm sido particularmente activas nesta matéria. É o caso da Saída de Emergência, da Porto Editora, da Gailivro e, em particular, da Presença. Cada uma das partes retira diferentes benefícios desta parceria. Para as editoras, é a oportunidade de por um custo reduzido, colocar outros a publicitarem os seus livros. Pelo custo de alguns exemplares, conseguem chegar a um público que embora não seja tão vasto ou ainda tão previsível a nível de mercado como o atingido por outros meios, tem à partida, uma forte predisposição para este tipo de consumo. Para os responsáveis pelos blogues, é a oportunidade de receber de oferta livros recentes. E quem for leitor compulsivo, sabe que a carteira dificilmente consegue acompanhar os novos desejos. Para mais, já iam escrever as suas opiniões sobre o que lêem de qualquer forma. Um ponto negativo, é que as suas leituras podem facilmente ficar cingidas ao que lhes for enviado pelas editoras. Mas isso caberá à opção de cada um. Quanto aos prémios atribuídos, acho que deve ser extremamente recompensador para alguém que dedica tanto tempo e carinho a um blogue, poder dessa forma retribuir a atenção que lhe é dada por outros. Acredito mesmo, que possa ser tão tão agradável como receber os livros para si próprios. Para além de ser uma medida que atrai sempre novos leitores.

Estas são meras conclusões pessoais, a que cheguei através do que vou observando. Não correspondem a nenhum estudo fundamentado, feito com base em parâmetros definidos. As únicas vezes em que estive envolvido neste tipo de iniciativas, foi como concorrente. É perfeitamente possível que alguma da informação não seja a mais correcta, ou simplesmente peque por defeito. Se for o caso, sintam-se à vontade para o dizer. Pretendi apenas esquematizar as minhas noções sobre um fenómeno que me parece recente no panorama editorial, mas que revela uma importância crescente. Estou convencido que uma parte cada vez mais significativa da comunicação das editora com os seus leitores, passará por esta dinâmica.

Faz sentido?

Qual será a razão lógica, para colocar um magistrado a quem se entendeu necessário atribuir segurança pessoal em função dos processos a seu cargo, a trabalhar num gabinete no rés-do-chão, com uma parede de vidro normal através da qual todos o podem ver? Deve ser uma variante da técnica que defende que a melhor maneira de esconder algo, é à vista de todos.

Entretanto, foi instalada uma película reflectora para impedir que seja visível o interior. Só é pena, que quem veja notícias, saiba que se trata de momento do único gabinete abrangido por esta medida no nova Cidade Judicial do Oriente. O que até facilita, pois deixa de ser necessário conhecer a aparência do senhor. Basta procurar o alvo.

Viagens às Urgências

Foi aprovado um novo diploma, que permitirá que as pessoas atendidas nas Urgências possam ter um acompanhante. A excepção serão as cirurgias e procedimentos mais complicados. Até agora, só com crianças e idosos isto era possível. Para quem já tenha tido a infelicidade de ser obrigado a recorrer com alguma regularidade a este serviço, sabe como isto é importante. Porque demora normalmente horas e horas o atendimento, e a partir de agora o doente não terá de suportar esse período sozinho. E porque facilita a quem o acompanha obter informações sobre o seu estado de saúde, missão por vezes muito complicada. Os serviços de urgência têm o período de um ano para se adaptar a esta nova realidade.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Os 25 anos da Taschen (6)

No seguimento de Parabéns Taschen!








Brassai, Paris
Hardcover,24 x 30 cm (9.4 x 11.8in.), 192 pages
€9,99
Taschen

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Separadas à nascença

Hoje, apercebi-me como algumas capas da Ambar me fazem lembrar as da rejuvenescida Quetzal. O projecto gráfico da Quetzal Editores, bem como algumas das suas capas, é da responsabilidade da RPVP Designers. Não sei se entre essas se contam as que me transmitiram esta impressão. Não é que sejam iguais, mas o conceito visual das mesmas provoca-me uma sensação de déjà vu.

Um mero exemplo:




Estarei a imaginar coisas?

Adenda de correcção: Inicialmente, tinha indicado o actual responsável editorial da Quetzal, Francisco José Viegas, como tendo ocupado anteriormente o mesmo cargo na Ambar. Na realidade, estava a pensar em Nelson de Matos. Obrigado ao Rui Azeredo, do Porta-livros, pela chamada de atenção. E que me sirva de lição. Agora está explicada a minha dificuldade em encontrar confirmação do facto. Espero não voltar a cometer este tipo de lapso novamente. Independentemente da convicção que pense ter em certa realidade.

Em psicologia, chamam-lhes actos falhados

"Até aqui, o que eu escrevia não escapava ao rótulo de romance histórico. Este é um bocadinho inqualificável".

Miguel Sousa Tavares à Visão

Via Irmão Lúcia - Ele quis dizer "inclassificável" mas a boca fugiu-lhe para a verdade

E ao 25º dia sucumbi...

O meu nome é Gomes, e sou um bibliófilo assumido. Andava tão direitinho... Não comprava um livro desde 18 de Junho. No sábado, ia comemorar os meus 30 dias. Uma marca que não atinjo, pelo menos desde Novembro. 30 dias! E eis que hoje, ao mudar de linhas no Marquês, me desgracei da vida. Ao passar por uma daquelas feiras do livro que aparecem em algumas estações de metro, e em que normalmente já nem me dou ao trabalho de entrar, uma capa puxou-me a vista. Hora maldita, já se viu. A maioria da feira corresponde à pobreza franciscana que já conhecia. Mas tinha alguns livros da Bertrand, Quetzal e Ambar, que não esperava encontrar. Escolhi quatro, a 5€ cada. Prestes a pagar, avisam-me da promoção: em cada três livros, o mais barato é oferta. Enfim, o resultado final vem ilustrado já a seguir. Tudo pela redonda quantia de 20€. O que também vi lá, mas não comprei porque já os tenho, foram alguns títulos do autor indonésio Pramoedya Ananta Toer. Se passarem por lá, e só puderem comprar um livro, que seja um deste senhor. Não se vão arrepender.







A Judia - Edgarda Ferri (Quetzal)
Poder e influência, peregrinação e promessa de uma mulher extraordinária, no cenário das perseguições quinhentistas aos Judeus da Europa. Rigor histórico e mestria num inesquecível romance, cujo início tem lugar em Lisboa e o fim na Palestina. Retrato vivo e inquietante de uma mulher indomável, A Judia vem trazer à luz uma história verídica e impressionante do Renascimento Europeu.A Judia é uma maravilhosa incursão numa época de conturbadas políticas, acompanhando uma mulher cuja obra culminou na fundação de uma cidade hebraica na Palestina.

Plataforma - Michel Houllebecq (Bertrand)
O livro retrata o caso de Michel, um solitário e desiludido funcionário público, frequentador de peep-shows e de desenxabidas prostitutas ocidentais, que encontra em Valérie, uma mulher interessante e abertamente bissexual, a possibilidade de concretizar uma afeição marcada por uma sexualidade "natural e instintiva", que só a acção criminosa de um grupo de fundamentalistas islâmicos consegue interromper abruptamente. Pelo meio, o autor aborda muitas das inquietações que hoje em dia nos assaltam e formulamos interiormente: os perigos das selvas urbanas, as atitudes de determinados grupos étnicos ou sectores sociais e a atitude de solidão que domina as pessoas.

Celestino Antes da Madrugada - Reinaldo Arenas (Ambar)
Reinaldo Arenas é um dos mais conhecidos escritores cubanos do Séc.XX.
Um dos seus livros, Antes que Anoiteça, passou a filme e teve grande sucesso no cinema . Trata-se da sua biografia, onde o autor se assume como crítico do sistema político cubano e como homossexual.
O livro Celestino antes da Madrugada é também biográfico, pois o herói tem muito em comum com o autor. Para Celestino, a sua casa é também um endiabrado enxame; também a mãe e os avós não compreendem por que razão não pára de escrever por todo o lado, inclusivamente nas folhas das árvores; também com ele gritam e o ameaçam ao mesmo tempo que se fustigam entre si. Ambos gostam de povoar o mundo que os rodeia de fantasmagóricos espíritos, seres e factos extraordinários, que habitam também os seus escritos, refúgio da sua pobre, insuportável realidade.
Celestino antes da Madrugada foi publicado em Cuba em 1967, tendo a primeira edição esgotado numa semana. Após a saída de Arenas da ilha, foi proibida, tal como o resto da sua obra. Apresentamos agora a versão definitiva que o autor deixou revista e corrigida em 1982.
Reinaldo Arenas deixa Cuba e vai viver em Nova Iorque, onde contrai SIDA e se suicida.

Críticas de imprensa:
"Recorrendo a elementos de cariz marcadamente autobiográfico, Arenas desenvolve uma narrativa que quebra todas as convenções novelísticas de época (...) e onde a personagem principal se desdobra em dois, como um jogo de espelhos onde o objectivo a alcançar passa pela construção da própria identidade (...) No equilíbrio quase bélico entre as duas personalidades, resta ao leitor o privilégio de acompanhar as longas digressões interiores que se desenham por entre os espaços da casa rural onde tudo acontece (...)"
Sara Figueiredo Costa, Setembro de 2006

O Sanatório de Cascais - Manuel Viqueira (Ambar)
A única sinopse que encontrei relativa a este livro foi no blog As Minhas Leituras.

A Parte do Outro - Eric-Mannuel Schmitt (Ambar)

Críticas de imprensa:
Autor de inúmeros romances e peças de teatro, vários deles editados em Portugal, Eric-Mannuel Schmitt assume neste A Parte do Outro a difícil tarefa de reconstruir o mundo como se Adolf Hitler tivesse seguido um rumo diferente, nas Belas-Artes. O exercício inclui uma visão romanceada e paralela do Hitler que a História conhece, mas é da utópica primeira hipótese que se alimenta a narrativa. Em alguns momentos, a certeza de que estamos perante uma ficção combina mal com as tentativas constantes de revelar a mente de uma personagem que não deixa de ser histórica mas, no geral, pode dizer-se que a mistura dos dois planos favorece o texto, para além de constituir uma interessante especulação sobre como seria o mundo sem Hitler o tentar destruir.
Sara Figueiredo Costa
, in Os Meus Livros de Dezembro de 2005

A Maldição de Edgar - Marc Dugain (Ambar)

Edgar J. Hoover, que dirigiu o FBI durante quase meio século, é uma figura mítica, para sempre ligada a uma época negra da história dos Estados Unidos.
De 1924 a 1972 as maiores personagens americanas (políticos, artistas e outras figuras de relevo) foram perseguidas até na sua intimidade por este homem, possuidor de um enorme poder. Este romance conta essas histórias, com base em relatórios de escutas e fichas de informação e outros documentos.
Uma das fontes de informação em que se baseou o autor deste livro para recriar a realidade dessa época foram os textos (Memórias) atribuídos a Clyde Tolson, que foi adjunto de Edgar J. Hoover, mas sobretudo seu amante.

domingo, 12 de julho de 2009

Livro de reclamações


A polivalência deve ser uma capacidade cada vez mais valorizada no processo de selecção da fnac (a partir de agora, em minúsculas). Porque é cada vez mais comum apanhar funcionários que têm tanto de mal encarados como de mal educados. Ontem, ao fazer uma pergunta educada a uma funcionária, precisamente sobre os livros que estava a organizar na estante, a criatura nem voltou a tromba para mim, e grunhiu um "não temos". Sim, grunhiu. Porque aquilo não foi português. Às tantas, a interacção com os clientes também já passou para o conjunto de regalias reservadas aos detentores de cartão fnac (cada vez mais, minúsculas).

Ao princípio, cheguei a pensar que andava com azar. Mas percorrida a santíssima trindade (Colombo, Chiado e Vasco da Gama) um número significativo de vezes, a proporção de maus para bons empregados na secção de livros, deve ser de 3 para 1. São vezes a mais para ser só azar. Somado ao final dos 10% de desconto para quem não seja fnakiano de cartão, à alteração das regras a meio do jogo para os que são pois os livros já não acumulam pontos, e a uma diversidade cada vez menor de títulos, por vezes parece que a ideia é simplesmente deixar de vender livros. Se for o caso, avisem. Uma pessoa não quer incomodar onde não é desejada.

Adenda: Há dois lamentos que ando a remoer. Que a fnac continue a ser a melhor forma, ou pelo menos a mais prática, de encontrar certos livros (e a conveniência vale muito nos dias que correm). E que o meu feitio, demasiado pacífico nestas situações, não propicie retorquir com a rudeza que por vezes se justificava.

Talvez pareças mais novo do que pensas...

...quando ao caminhares para casa, uma prostituta te tenta aliciar publicitando a sua tarifa especial para estudantes.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O que ando a ouvir, recuperado do baú


Jay-Jay Johanson - Tattoo (1998)

Viagem ao crime no Portugal dos Pequeninos

Referente a uma problemática que já havia abordado superficialmente em Agora falando a sério e Cada tiro, cada melro 1, 2 e 3, um interessante texto no Portugal dos Pequeninos. Do que tenho lido sobre o assunto, parece-me a opinião mais equilibrada até agora.

Os 25 anos da Taschen (5)

No seguimento de Parabéns Taschen!







The Most Beautiful Bibles
Österreichische Nationalbibliothek, Wien (ED)
Österreichische Nationalbibliothek, Wien / Füssel, Prof. Dr. Stephan / Fingernagel, Dr. Andreas
Hardcover, 24.5 x 37 cm (9.6 x 14.6 in.), 320 pages
€ 19.99

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A resposta clássica a um crítico

"Sir: I am seated in the smallest room in the house. Your review is before me. Shortly it will be behind me."

Retirado de um divertido artigo, que nos fala sobre as respostas dadas por diferentes autores aos seus críticos. Descoberto graças ao Cadeirão Voltaire.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Lobo Antunes Superstar

Adorei o texto de Isabel Coutinho sobre a prestação de António Lobo Antunes na Festa Literária Internacional de Paraty. Recordou-me as entrevistas do autor que primeiro me chamaram a atenção para a sua obra.

2666 de Bolaño - Para quando a publicação em Portugal?



De todos os livros que li este ano, apenas um caracterizaria como obra-prima: "Os Detectives Selvagens" de Roberto Bolaño. A expressão "primeiro estranha-se, depois entranha-se", descreve na perfeição o sentimento que mergulhar neste livro me provocou. Existe uma componente obsessiva no mesmo, que faz com que o impacto da sua leitura em nós aumente quanto mais o tempo passa. Talvez ainda coloque em palavras a minha opinião do mesmo. Mas por ora, limito-me a deixar o link para a crítica do Bibliotecário de Babel.

Para os conhecedores da obra de Bolaño, o seu expoente máximo é o romance "2666" (cerca de 1000 páginas), publicado postumamente. Encontrei um "primeiro rascunho sobre 2666" no Absurdo, que me abriu ainda mais o apetite. Esperemos que a Teorema (ou outra editora com perspicaz sentido comercial e artístico), não demore muito a editá-lo em Portugal. Quanto a mim, há uma edição inglesa que ando a namorar no Bookdepository (abençoados portes gratuitos), que palpita-me ainda vem cá parar a casa. Para os interessados, fica a advertência de que exactamente a mesma edição na FNAC (importada), é cerca de 10€ mais cara. Quem avisa amigo é.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

As Velas Ardem até ao Fim - Sandór Marai



Num pequeno castelo de caça na Hungria, um coronel envelhecido aguarda durante 40 anos o reencontro com Konrád, o seu outrora inseparável amigo. Sabe que antes de morrer se hão-de encontrar novamente, e é a expectativa desse momento que o prende a este mundo. Num ritmo pausado, mas nunca enfadonho, conta-nos a história da sua vida. Como foi crescer em condições privilegiadas naquela época, e em como essa amizade com alguém no extremo social oposto se inicia e aprofunda. A separação de alguém que era como um irmão, e a morte da sua mulher, foram dois acontecimentos que o marcaram profundamente. E de alguma forma parecem estar ligados entre si. Perdeu o prazer pela vida e paira como um espectro, ruminando incessantemente o passado e esperando, sempre esperando. Essa ligação vai-nos sendo confidenciada ao longo da história. Mas não se pense que é a força motriz do livro. A escrita de Márai é muito boa. Deslizamos por ela, desfrutando o prazer que nos proporciona, e quase esquecendo o papel que cada capítulo desempenha na história. A recriação do ambiente da época é outro ponto forte do livro. Durante os quarenta anos que permeiam a história, o Império Austro-Húngaro entrou em declínio. A realidade opulenta e orgulhosa que conhecemos numa primeira fase, apoiada nas suas raízes militares e aristocráticas, desapareceu entretanto. E no novo mundo que se lhe seguiu, não parece haver lugar para Henrik e Konrád.

"As Velas Ardem até ao Fim" acaba por ser essencialmente um monólogo, pois mesmo após o tão aguardado encontro, continua a ser o Coronel a fazer as despesas da trama. A sua introdução permite despoletar emoções mais veementes no espírito do nosso narrador, mas Konrád destaca-se mais pelo que não diz, pela importância dos seus silêncios.

Um livro pequeno, que se lê em poucas horas, mas cuja marca da sensibilidade e mestria com que foi escrito, perdura no nosso espírito. Uma relação de amizade pode ser o vínculo mais nobre e profundo entre duas pessoas. Tão forte como um vínculo de sangue; tão profundo como um amor romântico. Foi a amizade entre ambos que definiu a medida dos homens que ambos seriam. Márai aborda as subtilezas de uma amizade. Da confiança e lealdade que a caracterizam; e da sua vulnerabilidade, pois não há ninguém de quem esperemos mais.

Sandor Márai teve bastante sucesso na época em que viveu, até ver os seus livros proibidos na sua Hungria natal, na altura sob o jugo do comunismo. O seu trabalho acabou por cair no esquecimento, e apenas recentemente tem sido redescoberto e aclamado. Suicidou-se em 1989, na Califórnia.

"As Velas Ardem até ao Fim"
Sandór Márai
Tradução do húngaro de Mária Magdolna Demeter
Dom Quixote
1ªEdição - Outubro 2001/19ªEdição - Abril 2009

Classificação: Muito Bom. A escrita de Márai é excelente, e transforma uma reflexão subtil sobre a amizade num livro marcante. Noutras mãos, facilmente resvalaria para a banalidade.

Em busca de uma alma gémea; uma qualquer...

Hoje descobri duas coisas. Primeiro, que ainda existe uma coisa chamada Hi5. É algo de que normalmente não me lembro porque nunca fui grande adepto do mesmo. Segundo, que o mesmo inclui agora uma função apelidada Hi5 Namoros. Os interessados fazem um pedido de namoro, e ao destinatário basta dizer sim ou não. Encontrei um post de alguém a quem não faltam promissoras candidaturas. É de uma pessoa se escangalhar a rir.

Como bónus, pela mesma vizinhança encontrei outros dois bons motivos para rir (aqui e aqui).

Adenda: Ao fazer uma rápida pesquisa, fiquei surpreendido com a quantidade de derivações do Hi5 que encontrei. Hi5Porcas (lembrava-me da existência deste), Hi5 Porcalhonas, Porcas do Hi5, etc. Enfim, todos parecem partilhar do mesmo antepassado suíno. Realmente, é preciso cuidado com as fotografias pessoais que se colocam na net. E é impressionante a quantidade de miúdas e mulheres, que usam o hi5 como uma espécie de portfolio erótico online. Porque muitas das fotografias, não oferecem quaisquer dúvidas quanto ao seu carácter a ninguém de bom senso.

Booktailors Publishing Magazine, B:Mag para os amigos

A Booktailors lançou uma revista online gratuita, relativa à edição literária nacional. O primeiro número reúne os textos publicados no espaço "Opinião no Blogtailors". Para os interessados, ver como fazer o download aqui.

Um caso à parte até na morte

Houve cerca de um milhão e seiscentos mil candidatos ao sorteio de entradas gratuitas para o funeral de Michael Jackson. Cerca de dezassete mil foram contemplados com o bilhete que lhes permitirá fazer parte da histórica ocasião. Mórbida postura, ou simples tentativa de antecipação e controle da enorme afluência que se espera? Sei lá...Como prova do espírito empreendedor americano, no ebay, alguns dos bilhetes já valem 3500€.

O rei vai nu!

Grande texto de António Barreto sobre o nosso destemido líder.

domingo, 5 de julho de 2009

Agora falando a sério

A trilogia de posts anterior, "Cada tiro, cada melro", aborda de forma algo sarcástica algumas das reacções padrão a situações de criminalidade em bairros considerados problemáticos. Para mim, ao autonomizar e amplificar ao limite uma das vertentes do problema, um determinado interveniente simplifica excessivamente a discussão do mesmo. Acredito que algumas vezes o faça por convicção e não por má-fé. Mas também acredito que essa abordagem resulta em mais mal do que bem. Porque poucas questões são hoje em dia tão complexas como as causas por detrás desta realidade.

Tenho algumas opiniões que gostava de partilhar sobre a temática, mas acho importante fazê-lo de forma fundamentada. Fica por agora, apenas a intenção de publicar aqui, uma série de textos sobre a mesma. Assim haja tempo.

Cada tiro, cada melro 3

Para adiantar trabalho, que tal alguém começar a preparar os cartazes em que se jura a pés juntos os bons rapazinhos que os eventuais detidos sempre foram? Quando forem identificados, basta colocar as fotos e respectivas legendas (com nomes de guerra, tipo Jekkas e 3Gun). Pode-se sempre queimar algum património público e chamar a TVI para dar um certo colorido.

Cada tiro, cada melro 2

Se se confirmar que os disparos foram efectuados por dois indivíduos de raça negra, o PP, de forma mais ou menos subtil (provavelmente menos), chamará a atenção para como este infeliz acontecimento se encontra relacionado com a falta de uma política responsável de emigração. Não se trata de qualquer forma de xenofobia, mas sim de impor limites. Ainda que na maior parte destas situações, os envolvidos sejam imigrantes de 2ª ou 3ª geração, com nacionalidade portuguesa e em muitos casos nunca sequer saíram do país. Mas um discurso de problema claro, com solução clara, apela muito melhor ao eleitorado alvo. Só assim se pode transmitir a noção de que se dependesse deles, isto resolvia-se já amanhã. Como diz o cartaz: "Não basta ter razão. É preciso ter votos".

Cada tiro, cada melro

Dois polícias foram baleados hoje na Amadora. Em princípio vão sobreviver. Fico ansiosamente a aguardar as explicações do Bloco de Esquerda acerca de como estes factos foram, na realidade, resultado de um inadequado comportamento das autoridades e de uma limitada política social maniqueísta por parte do Governo (para recorrer ao vernáculo oficial).

O Brüno está a chegar

É já quinta-feira a estreia de "Brüno", a nova criação de Sacha Baron Cohen, conhecido sobejamente pelo seu alter-ego Borat. A fotografia foi roubada ao Sound + Vision. Podem ver o trailer num outro post deste estaminé: Borat was so 2006 - Bruno Trailer

Deambulações pela FNAC 2


Lin Hai & Friends - Pipa Images

Estava em cima de um dos postos de escuta na FNAC, desarrumado. Não o conhecia de lado nenhum. Mas a capa chamou-me a atenção e decidi experimentar. Muito bonito. E bonito serviço também. Como se já não tivesse tentações suficientes em lista de espera.

Mais tarde, uma breve pesquisa revela que "Lin Hai é pianista e compositor da nova era. Inspirados pelas coisas que viu durante uma visita à região do Sul do Rio Yangtsé, ele criou as músicas deste álbum tocadas pelo instrumento tradicional chinês Pipá, mas com melodias e ritmos totalmente modernos, integrando elementos de Jazz, New Age e elementos de minorias étnicas."

Deambulações pela FNAC 1

Para quem quiser aproveitar, existem diversas temporadas das séries 24, Sopranos e Battlestar Galactica, disponíveis por cerca de 20€ cada. Metade do preço habitual, mais coisa, menos coisa. Qualquer uma vale bem a pena o dinheiro. Battlestar Galactica foi a minha grande descoberta (tardia) do ano. Excepcionalmente bem escrita, vai muito além da classificação de ficção científica. Aborda a natureza humana e os dilemas, terrenos e espirituais, que nos assolam. E sim, também há uma data de coisas a explodir.

Paulo Coelho III

E, aparentemente em contradição total com os dois posts anteriores, assumo o meu interesse em ler a biografia do homem. Confusos? A culpa foi da entrevista dada pelo autor, o jornalista brasileiro Fernando Morais, a Isabel Coutinho; e do texto da Pipoca mais doce a 22 de Maio de 2009 que abaixo reproduzo (não consegui colocar o link directo) :

"Coisas que fiz e das quais tenho vergonha #1: comprar um livro do Paulo Coelho (mais ou menos)

Então foi assim que a coisa se deu: faz amanhã duas semanas entrei na Fnac ao final do dia. Estava à espera que o meu homem me fosse buscar e, para fazer tempo, dei um salto ao bar da Fnac só para comprar uma água. Acontece que estava a decorrer a apresentação de um livro, feita pela Leonor Xavier. Não percebi que livro era, pela conversa pareceu-me altamente entediante, até que passaram a palavra ao autor. Era um brasileiro, com idade para ser meu pai, e daqueles que abre a boca e uma pessoa já não consegue desligar. Peguei na água, sentei-me, e fiquei a ouvi-lo mais de uma hora. Ora o livro deste senhor, de seu nome Fernando Morais, é nada mais nada menos do que a biografia do Paulo Coelho. Pois. Um calhamaço com mais de 600 páginas. Mas o senhor (que é jornalista, e daqueles mesmo bons) vendeu a história tão convincentemente (e que história, a vida do homem mete todas as drogas e mais algumas, satanisno, choques eléctricos, experiências homossexuais... e, ainda assim, vende livros como ninguém), que eu dei por mim a folhear o livro. Senti-me mais aliviada quando ele anunciou que o livro era tanto para os que amavam como para os que não percebiam o fenómeno Paulo Coelho. Como estou neste último sector (apesar de ter lido vários livros do senhor na adolescência), acabei por levar o livro para casa. No fim fui falar com o Fernando Morais e disse-lhe isto tudo. Que só tinha ido comprar uma água e que, sabe-se lá como, tinha acabado com a biografia do Paulo Coelho nas mãos. E que nem gostava dele. E ele disse que mais do que gostar de Paulo Coelho, o livro valia pela história. Já percebi que sim, que o homem escreve bem que se farta e que é um excelente contador de histórias. Mas agora tenho de andar no metro com um livro chamado "O Mago", onde o nome Paulo Coelho é bem maior do que o do próprio autor. E tenho um bocadinho de nada de vergonha. E vou sempre a tentar esconder a capa. E odeio forrar livros, se é essa a vossa sugestão. Pois, pois, sou preconceituosa, que fazer?"

Paulo Coelho II

Será que a Veronika decidiu morrer porque a obrigaram a ler a obra completa do senhor? É que só de ler "O Alquimista", já tive vontade de pegar no cajado do protagonista e desatar a distribuir bordoada a torto e a direito. Não me convenceu. Parece-me a estrutura narrativa de uma parábola bíblica, cruzada com um livro de auto-ajuda. Na onda daqueles livrinhos que os jeovás nos impingiam. E a mim não ajudou. Mas gostos são gostos. E a verdade, é que se trata de um livro que potencia ao máximo os valores que os leitores nele queiram projectar. Sejam eles quais forem.

Adenda politicamente correcta, mas ainda assim verdadeira: não tenho nenhum problema com a fé Jeová, ou com a maioria das religiões disponíveis no mercado. Nunca reagi foi bem ao marketing agressivo.

Entrevista a Miguel Sousa Tavares

Hoje, entrevista a Miguel Sousa Tavares no DN.

Paulo Coelho I

"Se alguém se esforça além dos seus próprios limites, também quebra a sua vontade." Ler Paulo Coelho é como ler o nosso signo; há sempre um dia em que parece que está escrito à nossa medida.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Primeiro Balanço

Excepção feita a alguns posts experimentais em Março, só comecei a publicar regularmente no Alexandria a 5 de Junho. Criado essencialmente como uma materialização do meu interesse pela leitura, mas também pela área da edição literária, não quis excluir a possibilidade de fazer pequenos desvios por outros assuntos. Fossem áreas como a música, cinema e fotografia; ou deambulações diversas em matérias sobre as quais sinta vontade ou necessidade de escrever. Trata-se de um espaço recente, sujeito a muita experimentação, e que ainda busca a sua identidade. Mas havendo vontade e tempo para o mesmo, acredito que encontrará o seu caminho. Pelo menos ideias para concretizar não faltam.

Até ao dia de hoje foram feitos 51 posts. Foram recebebidas 197 visitas. Coisa pouca, bem sei. Muitos dos blogs que acompanho regularmente, têm facilmente mais afluência que isso num só dia. Mas é algo que não me é particularmente relevante neste momento. Apenas o refiro, porque parece-me surpreendente (e fonte de algum orgulho), que na minha primeira incursão por estas lides, já tanta gente tenha tido interesse em ler o que escrevi. A todos o meu obrigado. Estou a gostar da experiência e espero continuar a fazê-lo enquanto me der prazer, e na medida em que as circunstâncias da minha vida o permitam.

Queria também agradecer ao Estante dos Livros, ao Conta-me Histórias, ao ...viajar pela leitura... e ao Porta-Livros por me adicionarem nas suas barras laterais de blogs seguidos. É agradável saber que passaram por cá, e gostaram do que leram. Por último, um muito obrigado à kk, única pessoa no meu círculo pessoal a quem falei deste projecto até agora, e que tem, pacientemente, sido incansável nos incentivos e opiniões. Obrigado pelo carinho dispensado.

De certa forma, este balanço é mais para mim do que para os que por aqui passam. É a declaração de princípios a que não houve lugar no início. Preferi esperar até ter algo que valesse a pena dizer.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Alice no País das Maravilhas

Vem aí uma nova adaptação da obra de Lewis Carroll. Desta vez, com o toque de génio de Tim Burton.




A vida é frágil

Foi noticiada a morte da coreógrafa alemã Pina Bausch, a um mês de completar 69 anos. Tinha descoberto apenas cinco dias antes, que estava doente com cancro. Cinco dias. A vida é muito frágil...