quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Serenata para Maité Proença




 Se você disser que eu sou burrinho, amor
Saiba que isso não provoca em mim qualquer dor
Só privilegiados têm inteligência igual à sua
Eu possuo apenas o que Deus me deu
Se você insiste em classificar
Meu comportamento de esquisitinho
Eu me sinto na obrigação de te contar
Que isto é Portugal
Se não gosta escusa de voltar
O que você não sabe nem sequer pressente
É que os portugueses para você se estão a marinbar
Vi você na minha televisão
Revelou-se a sua enorme ingratidão
Faz favor de cuspir no seu país
Prefiro ser patego a ser porco
Você com o seu humor esqueceu o principal
Para a gente rir a piada tem de entender
Mas sabe como é este povo atrasado
Melhor ficar no Brasil que sabe te compreender
Faz um favor e chama o Sousa Tavares
Pressinto que vão se entender
Se você disser que eu sou saloio, amor
Saiba que isso não provoca em mim qualquer dor
Só privilegiados têm classe igual à sua
Eu possuo apenas o que Deus me deu
E se você insiste em classificar
Meu comportamento de limitado, amor
Me sinto na obrigação de te informar
Que o Tejo não é o mar
E tivemos mais que 20 anos de Salazar
Mas deixa te perguntar
Na favela os números tão todos no lugar?
Faz favor de comer mais um pastelzinho
Com a boca cheia não sai asneira
Seu avô português deve tar virando na cova
Que ironia a genética pode ser
Você com a sua ignorância esqueceu o principal
É que para Deus dar num lado
Para ser mesmo generoso
Para fazer algo tão gostoso
Não pode dar no outro

Versão mutilada da letra de "Desafinado" de Tom Jobim

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