Para quem gosta tanto de falar dos livros que compra, dou por mim a falar nos que não comprei. Registei durante o mês de Outubro melhoras notáveis na minha condição de comprador inveterado (em grande parte uma escolha estimulada pelas medidas de contenção que o momento aconselha, mas reclamo de qualquer forma a minha parte do mérito). E quando não se está inebriado pelos novos meninos dos nossos olhos, partimos à redescoberta da nossa biblioteca residente. Qual formiga a preparar-se para o Inverno, fomos acumulando livros e mais livros, como quem salva os últimos representantes de uma espécie em vias de extinção. Por entre os bons negócios que não se podiam perder; a prenda que alguém que nos conhece bem nos deu; e os livros que nos convencemos que haveríamos de querer ler na esperança de ser uma obra-prima, acabamos por encontrar a próxima leitura perfeita. Para quem já tiver acumulado umas boas centenas ou milhares de livros, é certo que uma boa parte dos mesmos estará por ler. É então como mergulhar, em simultâneo, na nossa própria biblioteca, livraria e alfarrabista. O nosso bem mais precioso.
Como me portei bem, acabei por me oferecer um pequeno mimo: "Manhattan Transfer" de John dos Passos (Presença). Mas com 40% desconto e portes grátis, quem nunca pecou que atire a primeira pedra.
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