segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Estou a ficar velho, e recordar é viver - Roque Santeiro & Tieta

Uma conversa de fim-de-semana foi parar ao tema das novelas (na altura praticamente uma instituição, quanto mais não fosse pela falta de alternativas) que marcaram a infância dos que estão próximos, ou já ultrapassaram a casa dos trinta. Existem duas que são praticamente unânimes, e das quais nos havemos de recordar o resto da vida: "Roque Santeiro" e "Tieta".

Da primeira ficaram-nos duas personagens, interpretadas por Regina Duarte e Lima Duarte, das mais divertidas de sempre. A estridente viúva Porcina, que parecia inspirada na porquinha dos Marretas, e que no final se decidiu a ficar não com o regressado santo, mas com Sinhozinho Malta, o coronel que era tão bruto como os cornos que adornavam o capot do seu carro. A sua contribuição para a posteridade foi a expressão "Tou certo ou tou errado?"

Esta novela reservou para um dos seus vilões, um dos melhores finais de sempre. Zé das Medalhas morre soterrado pelas suas próprias manufacturas.

Nos primeiros 3m50 do vídeo, Sinhozinho Malta em todo o seu esplendor:



E mais algumas recordações:





Mas a minha favorita é mesmo "Tieta". Inspirada no romance homónimo de Jorge Amado, conta a história do regresso de Tieta à sua terra natal, 20 anos depois de ter sido apelidada de kenga, e escorraçada da cidade pelo próprio pai. Já que tinha a fama, acabou por ter o proveito e abriu um muito conceituado bordel na cidade grande. São incontáveis as memórias que ficaram. O coronel e as suas rolinhas; o pai de Tieta que arreava em toda a gente com o cajado; a Princesinha do Agreste, único meio de transporte para fora da cidade; os ataques da mulher de branco; o Bafo-de-Bode que acabou milionário no final; os achaques de Cinira por falta de homem; Modesto Pires que presenteava a sua teúda manteúda com o carinhoso "uh,uh, senta aqui"; Osmar e o seu oxente. E claro, Perpétua (interpretada por Joana Fomm), talvez a melhor personagem da história das telenovelas brasileiras. Para além da sua maldade, o tribufu era também conhecido pela recordação fálica empalhada que guardava do falecido marido.

"Tieta" tem ainda uma das bandas sonoras mais famosas das produções brasileiras.











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