domingo, 3 de janeiro de 2010

Hannah E Martin

    A peça "Hannah e Martin", da autoria de Kate Fodor, é a mais recente encenação do Teatro Aberto. Hannah Arendt, uma conceituada académica judia (foi autora, por exemplo, de "Eichman em Israel"), regressa à Alemanha, onde nasceu e estudou, para realizar uma série de artigos acerca dos julgamentos de Nuremberga. Este regresso leva-a a revisitar querelas antigas, como o relacionamento com Martin, seu antigo professor e amante, entretanto convertido ao nazismo. Tido como um génio a certo ponto da sua vida, Martin foi entretanto afastado do ensino devido ao seu comportamento enquanto reitor universitário do III Reich. Tendo sido uma das que defendeu esse afastamento, Hannah questiona-se agora se foi a opção correcta. Até que ponto esse dilema é motivado por uma perspectiva objectiva ou por algo mais, não é transparente nem para a própria. Enquanto as lições de Martin se tornavam na pedra basilar do que haveria de ser o seu pensamento, a relação amorosa entre ambos deixava duradoiras marcas na sua personalidade. Assistimos às suas reflexões pessoais e intelectuais, somos transportados ao seu passado, e por último, assistimos ao inevitável reencontro com Martin.

    Recai sobre três grandes actores a responsabilidade do sucesso da peça: Ana Padrão, Rui Mendes e, em menor grau, Irene Cruz  (como a nazi de trazer por casa). Embora todos consigam óptimos desempenhos, é Ana Padrão quem brilha mais alto. A conjugação das suas diferentes expressões e tons de discurso, com o jogo de luzes que pauta a peça, torna extremamente credível a sua representação de duas Hannahs, passada e presente, mediadas entre si por mais de uma década. A peça tem intervalo e uma duração ligeiramente superior a 2 horas. O preço dos bilhetes é de 15€, sendo que com alguns descontos como o de espectador frequente, podem descer até aos 10€.

Em cena até 28 de Fevereiro.



"Durante os julgamentos de Nuremberga, Hannah Arendt visita Martin Heidegger, seu antigo professor, com quem tinha tido uma relação amorosa. Este encontro entre o filósofo que aderira ao nazismo e a pensadora judia que partira para o exílio nos Estados Unidos leva-os a reviver o passado e a procurar explicar o que os tinha unido e separado. Hannah e Martin é uma peça onde o universo mais íntimo das personagens se mistura com a política, a história e a ética, colocando questões pertinentes ao espectador de hoje.




A encenação irá criar uma fusão entre a linguagem teatral e a comunicação audiovisual, confrontando o espectador com uma multiplicidade de ângulos e leituras de imagens, ora reais, ora recriadas."



Versão
João Lourenço | Vera San Payo de Lemos
Dramaturgia
Vera San Payo de Lemos
Encenação e Realização Vídeo
João Lourenço
Cenário
António Casimiro | João Lourenço
Figurinos
Maria Gonzaga
Supervisão Audiovisual
Aurélio Vasques
Luz
Melim Teixeira

Interpretação
Ana Padrão | Cátia Ribeiro | Cristovão Campos | Diogo Mesquita | Francisco Pestana | Irene Cruz | João Ricardo | João Silvestre | Luís Alberto | Maria Ana Bernauer | Rui Mendes

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