Quatro meses decorridos; quatro meses certinhos desde a última actualização deste blog. Pouco tempo ou vontade tive para lhe dedicar. E esteve longe de ser o único a passar para segundo plano. Tarefas e momentos mais importantes surgiram. Felizmente quase todos bons, mas trabalhosos. Nem sequer agradeci ou potenciei a referência desta casa pelo Estante dos Livros (vale mais tarde do que nunca), o que deve fazer de mim uma espécie de avestruz em termos de marketing de blogs (deve ter mais visitas por dia do que o Alexandria desde que surgiu). Aproveito para agradecer à minha fiel média de 17 visitantes diários que se tem mantido pelos vistos. Poucos mas bons.
Por andar numa correria, aliado a estar a viver num meio particularmente isolado (dupla insularidade é um termo que compreendemos apenas quando por ele passamos), acabei por me desligar um pouco do mundo em geral. E soube-me bem. Durante meses, praticamente não vi notícias. Só por mero acaso tomei conhecimento da morte de Saramago, de que se realizaram eleições no Reino Unido, e que em breve qualquer coisa como 40% da população portuguesa ver-se-á forçada a recorrer ao Banco Alimentar tendo em conta o que ouvi sobre a crise (o mais deprimente é que algo do género pode mesmo acontecer). Completamente alienado. Mas também, agora que restabeleci contacto com o mundo, começo a duvidar da sanidade da minha opção tendo em conta as inanidades que ouço (Passos Coelho, amigo, o povo não está contigo).
Esta postura foi extensiva ao mundo da blogosfera. Mas não sei se esta se alterará. São cada vez menos os blogs que acompanho. Estou convencido de que ter um blog afecta normalmente o sentido de auto-importância de uma pessoa. Com total liberdade de conteúdos, em que o filtro está completamente do lado dos leitores, é fácil subir-nos um pouco à cabeça a suposta importância do que escrevemos e de quem somos. São cada vez mais os blogs que me parecem feiras de vaidade ou locais propensos a acertos de contas. Mas cada um escolhe o que lê e deixa de ler. Se achas algo asnático, coloca na borda do prato. O nosso tempo, sobretudo quando temos menos para despender, deve ser empreendido a ler o que realmente nos agrada. Nos últimos meses, a melhor coisa que tirei da blogosfera foi a ideia de experimentar o gaspacho do pingo doce (obrigado Ouriquense). Neste regresso, gostava de ter um impacto semelhante em algum leitor.
Quanto a livros, tenho-me moderado nas compras após alguns excessos na Feira do Livro de Lisboa (que culpa tenho eu de ter ido a Lisboa precisamente no fim-de-semana em que esta encerrava). Comprei, inclusive, um livro ao moço do Irmão Lúcia, o que me deve tornar membro honorário de algum fórum da blogosfera. O desgraçado estava a penar que nem um frango no espeto naqueles stands que mais parecem galinheiros, com o sol a bater forte e feio. O que quer que lhes paguem, é pouco. Mas contenção orçamental oblige. Apesar de tudo tenho sorte, porque a esposa recém adquirida compreende a minha dependência. Mas os fundos para pagar aos agiotas incompetentes do banco (que estavam a cobrar em excesso por uma bacorada exclusivamente deles), têm de vir de algum lado (ou vários para ser mais exacto). É claro que neste momento, a minha consideração e apego pelas instituições bancárias está algures entre a EMEL e as estações de tratamento de resíduos sólidos. E enfim, lá se vai levando a vidinha.
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