terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Negócios de ocasião

  
  Palavra de honra que não tenho qualquer patrocínio do Continente (mas estou disponível, mesmo que em géneros), mas calhou em sorte (por sorte, entenda-se: nos dias que correm, as minhas leituras mais frequentes são folhetos de supermercado), que mais esta sugestão de Janeiro seja de lá. Existe um conjunto de livros que, até 27 de Janeiro, estão com 60% de desconto (imediato, e não em cartão). Maioritariamente (senão exclusivamente) livros de chancelas Leya, havia, entre outros, livros de Chico Buarque (Benjamim), Manuel Alegre (O Miúdo Que Pregava Pregos Numa Tábua) e Ian Kershaw (Sorte do Diabo). Preços, posso apenas referir os dos que comprei:

O Olho de Hertzog - João Paulo Borges Coelho - 3€
Rio Homem - André Gago - 6,76€
Barroco Tropical - José Eduardo Agualusa - 5,96€
O Arquipélago da Insónia - António Lobo Antunes - 3,96€

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Aos que partem e aos que chegam - sugestões da casa #2

  Eu bem que queria deixar aqui os respectivos posters e trailers, mas a net não está a ajudar. Assim, ficam os links: Fringe termina amanhã, e na próxima segunda estreia The Following, a grande promessa do ano (desde que não tenhamos problemas com narrativas que envolvam serial killers).


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Notas Soltas (10 Jan #2)

  - É já amanhã que regressa Fringe, que se despede definitivamente na próxima semana com um episódio duplo. A sua falta será sentida.

  - A Porto Editora deu a conhecer as novidades para os catálogos das suas diferentes chancelas. E vou estranhar ver o Miguel Esteves Cardoso numa editora que não a Assírio e Alvim, mesmo que permaneça no mesmo grupo editorial. Ou talvez por isso mesmo, me faça ainda mais estranheza.

Notas Soltas

  - Ainda no outro dia escrevia sobre O Filho Eterno de Cristóvão Tezza, e nem de propósito, está a 4,50€ nos preços minimos da fnac.pt. Boa oportunidade para quem tiver curiosidade.

  - Uma interessante crítica sobre a primeira incursão de José Luís Peixoto pela literatura de viagem, a um imaginário que dificilmente poderia ser mais singular, e em que se discute até que ponto o relato foi influenciado pela propaganda norte coreana.

  - Reportagem sobre o primeiro vencedor do Prémio José Saramago, e as razões porque tão pouca gente sabe sequer quem ele é (descoberta via Cadeirão Voltaire).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Resoluções q.b.

  Com um novo ano, costumam vir as resoluções. Afinal, este ano é que é. Ou pode ser pelo menos, porque não pode um homem desencorajar. No que a livros se refere, não sou muito dado às mesmas. Nada de listas fixas a ler, desafios literários ou afins. Feitios. Contento-me em fazer nota de alguns livros e autores que ao tempo me rondam, desafiando-me a pegar-lhes, finalmente passando do projecto à prática.

  É o caso de autores como Saramago, Roth e Murakami, de quem pretendo ler mais. A estes se junta um famigerado clássico ou dois, provavelmente de entre Os Miseráveis, Moby Dick ou Crime e Castigo. Acresce ainda o projecto de anos passados, que de àguas de bacalhau não tem passado, de ler mais sobre a Segunda Grande Guerra. Com moderação, como convém ao assunto, um calhamaço de cada vez. 

  E quanto a compras...poucas. Por todos os motivos e mais algum. É o dinheiro que faz mais falta noutros lados, enquanto que livros é coisa que não falta cá por casa. Mas para ser sincero, não é só isso. O desânimo que se sente em redor de tudo e todos acaba por frustrar o prazer da compra de mais um livro, que passa a vir de braço dado com um travo de remorso. Por isso, este ano, por todos os motivos e mais algum, vou, pela primeira vez em muito tempo, certamente ler mais livros do que aqueles que vou comprando.

  Mas na realidade, há uma resolução que gostava muito de cumprir, mesmo que de forma inacabada. A de reunir e organizar a minha biblioteca, cuja sina nos últimos anos tem sido a de estar dispersa por dois, três, e até mesmo quatro lugares diferentes. Isso deixar-me-ia feliz. E bem vistas as coisas, acabam por não ser tão poucas resoluções quanto isso...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O Filho Eterno - Cristóvão Tezza


  O livro escrito por Cristóvão Tezza, cruza romance com um testemunho auto-biográfico, de quem  vê o seu projecto de vida embater na realidade de um filho atrasado. E se utilizo a palavra atrasado, não o faço de ânimo leve ou ofensivamente, mas porque é como o próprio autor o encara muitas vezes. Se quisermos ser honestos, é como uma grande parte de nós, ainda que sem necessariamente com uma malícia consciente, se refere por vezes às pessoas com síndrome de Down.

  A escrita de Tezza transpira genuinidade, porque coloca em palavras os sentimentos e pensamentos politicamente incorrectos, e até mesmo cruéis, que alguém na sua posição normalmente sente mas não admite. Um filho que nunca será verdadeiramente autónomo, é um empecilho no dia-a-dia de qualquer pessoa. Torna-se mesmo o escape para a frustração que deriva da não concretização dos objectivos mais megalómanos de cada um; aqueles de que normalmente ficamos aquém de qualquer forma. Não é fácil evitar ter raiva, ou mesmo ódio, da criatura que nos prende a esse destino.

  O livro é uma jornada por diversos estados de espírito. Uma esperança inicial de que foi um engano, porque afinal os erros acontecem. Negação do que essa realidade acarreta, e finalmente a resignação de que resta fazer o melhor que se consegue, durante uma vida inteira. Porque não haverá uma solução mágica; uma epifania digna de livros de auto-ajuda que nos revela como estamos perante uma bênção disfarçada. Não, é mesmo uma merda, e sempre será. Mas é também o nosso filho. E o caminho para conseguir estabelecer uma comunicação com alguém que tem um quadro mental tão diferente, e estabelecer afinidades, pode ser penoso. 

  A vergonha de partilhar e admitir publicamente essa parte da sua vida, bem como o desejo sempre presente de um filho normal, um pouco mais normal que fosse, perpassam a cada página do romance. A escrita de Tezza é crua, desviando-se desse registo apenas quando envereda por referências culturais (importantes na medida em que nos dá a conhecer o contexto do narrador e o profundo significado que este atribui às mesmas). Mas nada de excessos melodramáticos. 

  Apesar de muito bem escrito tecnicamente, não me identifiquei com a escrita do autor, o que se reflectiu numa falta de empatia, e a espaços levou mesmo a uma leitura maçadora. Mas vale bem a pena que se lhe dê uma hipótese, até porque é o tipo de obra cujo prazer da leitura está intimimamente ligado às particularidades da personalidade de cada um.

Classificação: 7/10

Título: O Filho Eterno
Autor: Cristóvão Tezza 
Páginas: 238
Edição/reimpressão: 2008
Editor: Gradiva Publicações
Prémios: Prémio Jabuti 2008 / Prémio Portugal Telecom 2008
 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Sugestão da casa #1


  Para todos aqueles com cartão Continente, e que não se sintam conspurcados pelo acto de comprar livros no hipermercado, entrincheirados entre atum e papel de cozinha, vale a pena espreitar Amor e Sexo no Tempo de Salazar, de Isabel Freire, escondido por entre as páginas do folheto de 75% de desconto em cartão. O preço inicial já ele é mais baixo do que na Fnac ou Wook (18€ em vez de 26€), e assim fica por 4,50€. Fica o link para a sinopse do livro, condições da campanha (até 13 de Janeiro), e uma máxima da época que acho um mimo: «Mão na mão. Mão na coisa. Coisa na mão. Coisa na coisa é que não.».  Fica assim a primeira sugestão (e compra) do ano, a qual já agora, com carinho e caridade, esses siameses de mão dada, gostava de dedicar a Isabel Jonet.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O Cavalo do Espanhol

  A minha avó costumava contar uma estória sobre a irritação e desapontamento que um lavrador sentiu quando o seu cavalo morreu. Pois segundo dizia a todos, "logo agora que o bicho se estava a habituar a não comer é que havia de morrer". Foi esse o destino do pobre cavalo do espanhol. E ao entrarmos neste nada auspicioso novo ano, pouco me surpreenderá se o Pedro, amigo de todos nós, nos presentear um dia destes com fábula semelhante. Mas o tempo, com crise ou sem ela, não pára por ninguém, pelo que nos resta fazer o melhor possível com o que temos.  Afinal de contas, entrar num novo ano tem sempre algo de bom; é sinal de continuamos por cá. Por isso, e ainda que sem o entusiasmo que preferiria, um bom ano para todos :)